Viagens
Por Jessie Caruzo e Neto Costa
04 de Junho 2017

MENU DEGUSTAÇÃO BORAGÓ 4º melhor restaurante da América Latina

Considerado o melhor restaurante do Chile e 4º melhor da America Latina pelo The 50’s Best, o Boragó é no mínimo peculiar.

À frente da cozinha está o chef Rodolfo Guzmán, dedicado ao uso de produtos endêmicos do Chile, sua cozinha autoral e vanguardista pode ser considerada única.

A intenção do lugar é refletir o que a terra oferece, trazer os melhores produtos provenientes de partes incomuns do planeta, e tornar seus pratos, algo de valor inestimável.

No salão e na cozinha, o chef, maitre, garçons e cozinheiros parecem dançar um ballet coreografado à exaustão. 

Tudo parece funcionar perfeitamente!

Os clientes não só vêem o funcionamento da cozinha como interagem com os cozinheiros que fazem as vezes dos garçons, levando os pratos até a mesa para explicá-los.  

O serviço é mesmo de surpreender!

Lugar amplo, sóbrio e decoração discreta. Os elementos se correlacionam para transparecer a identidade verdadeiramente chilena, elevando o restaurante a um altíssimo nível de sofisticação.

Optamos por provar o menu degustação Endêmico de 16 a 20 pratos entre entradas, principais e sobremesas. 

O valor é 62.000 pesos chilenos, aproximadamente R$320,00 por pessoa. 

Também existe a opção de harmonização com vinhos ou sucos por algo em torno de R$220 e R$100 respectivamente.

Como entradas, provamos variedades inimagináveis! Para iniciar um Pulmay gelado, típico do sul do Chile, servido em um chifre.

Os pratos eram apresentados com alegria. Seus ingredientes, a procedência, o processo de obtenção, bem como uma sugestão explicando qual a melhor forma de comê-los e potencializar ao máximo os sabores em boca. 

Logo depois, uma releitura totalmente exótica dos Chilenitos, os famosos alfajores argentinos. 

Um caldo quente servido em concha esquentou nosso paladar para a próxima entrada.

Aqui pudemos provar a Copihue rosada, flor que cresce nos bosques temperados do Chile. Inusitado.

Como última entrada, uma releitura de Marraqueta, um tipo de pão servido com manteiga feita à base de Kefir (colônia de microorganismos simbióticos).

Começando pelos pratos estruturados em sí, um dos nossos preferidos em sabor foi o 'Chupe' de cogumelos selvagens de Quintay.

Quintay é uma cidade localizada na costa do Pacífico no Chile. Chupe é uma espécie de guisado, prato que se prepara refogando em temperatura branda. 

Na base da tigela, um denso purê de excelente sabor. 

Na sequência, mais um prato inusitado. 

Eram folhas combinadas à diferentes algas e fungos, como o cogumelo Changles, e a alga Cochayuyo que habita os mares subaquáticos do Chile, Nova Zelândia e Atlântico Sul. 

Antigamente a Cochayuyo era um dos recursos alimentares dos indígenas americanos, hoje faz parte da gastronomia chilena.

A degustação seguiu seu curso e o próximo prato ficou por conta desse Jibia também conhecido como Choco (uma espécie de molusco) servido com raízes picantes.

Logo após, um prato criado em camadas, composto pelos destaques de uma busca por vegetais que crescem sobre as rochas da costa de Punta de Tralca no Chile. 

Ainda sobre pratos inspirados em rochas, aqui nos foi servido uma espécie de massa recheada com ouriço do mar, feito em sua própria pedra quente e caldo de raízes. 

A próxima etapa foi um Congrio, peixe com corpo em forma de serpente, enrolado em plantas ácidas e manteiga queimada com cenoura. 

Aqui um pequeno aperitivo de carne e Kombucha (bebida probiótica feita através de fermentação ou infusão de chás). 

Em seguida, cordeiro cozido à inversa, e mil-folhas de uva com maçãs silvestres da Patagônia.

Detalhe para o cordeiro, que estava sendo preparado ao vivo no lado externo do restaurante. 

Suculento.

Dando início as sobremesas, essa marmelada feita a partir das gigantes folhas de Nalca, típicamente chilenas. 

Seguindo com as sobremesas, nos foi servido essa releitura nada ortodoxa da típica torta tres leches chilenas. 

Para comer com colher de pedra.

Ainda nas sobremesas, gelo brulèe e sanduíche de sorvete com rosas do deserto. 

Curiosidade: se não houverem fortes chuvas, as flores só podem ser encontradas em poucas semanas do ano. 

Para finalizar, uma espécie de merengue que limpou nosso paladar. 

Feita em gelo seco, o efeito da fumaça dura pouco mas é muito divertido!

Mesmo que apenas visual, a experiência de ir conhecer o Boragó já valeria cada centavo. 

A experiência gustativa, no entanto, nos pareceu um pouco confusa em meio a tanta criação. 

Não que os sabores dos pratos não estavam bons nem nada disso, é que tanta pompa e luxo inevitavelmente acabam gerando grandes expectativas.  

Talvez nosso paladar tão americanizado é que não está acostumado a sabores de partes tão inóspitas do Chile. Talvez devêssemos agendar outra visita ao Boragó e seu projeto incrível.

Boragó: Nueva Costanera 3467, Vitacura, Región Metropolitana, Chile

Jessie Caruzo e Neto Costa

Apaixonados por gastronomia, fotografia, mundo digital e redes sociais, moramos em Ribeirão Preto e somos formados em administração. Criamos esse espaço onde dividimos nosso dia a dia, dicas, experiências gastronômicas, viagens, receitas, projetos e muito mais! Sejam bem vindos!